Vida de Casada

Para minhas amigas casadas... Principalmente aquelas que já estão casadas há alguns booooooooooons aninhos. Aqui vai uma pergunta. Desculpe a intimidade, mas... Você e seu marido andam namorando?

Depois que a gente casa, acomoda. E quanto mais tempo passa casado, mais vai se acomodando. Verdade, não é? Pensem bem vocês aí, que estão chegando ou já passaram de uma década de união....

Você tem esperado uma “data especial” pra mostrar para o queridão que ainda o ama? Sabe do que eu estou falando, né, “data especial”... Dia dos Namorados, aniversário de casamento.... Aqueles dias que a gente se arruma mais, compra lingerie nova, prepara "surpresinhas" para fazer na hora em que ele chegar, enfim, é quando a gente faz como quando namorava. Ah.... Lembra quando vocês namoravam? Quando o seu coração acelerava à toa, o mundo podia acabar, o importante era estar do lado dele. Principalmente no caso da gente, mulher de militar, que divide o parceiro com as missões, serviços e todas as ausências comuns e presentes da profissão deles. Cada instante ao lado do nosso amado era esperada, ansiosamente desejada.

Nessa época fazemos planos, casamos, o tempo passa, os filhos vêm (Não necessariamente nessa ordem, hehe...), começamos nossa vida de cigana, deixamos família para trás... A rotina da vida matrimonial configura dia o dia, e então... Ele já chega cansado do quartel, mal lhe dá um beijo, dorme no sofá... Você passou um dia de cão também, as crianças atrapalharam o serviço de casa, ou você já está p*** da vida porque não consegue emprego nessa droga de cidade que vocês foram transferidos e já está com sua faculdade atrasada há 2 anos porque toda vez que muda de lugar você precisa fazer a tal da “adequação curricular”. Você já olha esquisito todo mundo da cidade e sua tolerância é zero. Você lembra da sua terra natal, dos amigos que deixou, da comida da mamãe...Seus olhos se enchem de lágrimas. “Socorro!”, você grita por dentro.

Então você olha o cara sentado no sofá, com a gandola aberta, o coturno jogado no canto da sala, naquela leseira que todo mundo tem quando chega em casa após um dia duro de serviço. Ele está hipnotizado pela televisão. Responde em monossílabos.

Seu primeiro pensamento é: "O que é que estou fazendo aqui?" - e que atire a primeira pedra quem nunca teve esse tipo de pensamento. Mas nós mulheres temos uma capacidade incrível de análise e compreensão. Assim, em questão de segundos você se lembra que está ali por causa dele. Ele, o bonitão. Aquele mesmo que tirava sua paz de espírito quando aparecia todo imponente, fardado. Ah, que inveja você causava nas amigas (mesmo as que não viam os militares com bons olhos), quando ele vinha dentro do uniforme, exalando masculinidade. Sim, você nunca foi "Maria Batalhão", nem reparava naqueles homenzinhos de cabelo raspado. Mas quando a criatura te olhou pela primeira vez, a terra tremeu. Ui.

E agora você e ele estão aí, casados. Finalmente. O tempo fez ele ganhar uma barriguinha. "Mas não chega a comprometer o visual” - você pensa. E mais gordinho assim ele ficou até mais bonito. Está mais charmoso também. Um filme passa na sua cabeça e você se lembra de tudo que viveram até ali. Então começa a entender porque largou as coisas que mais gostava e botou o pé na estrada com ele. É porque o amor homem-mulher preenche de forma tão arrasadora um coração que tudo parece diminuir de importância diante desse sentimento. É esse amor que faz com que você se apaixone novamente pelo mesmo homem. Um homem que tem seus defeitos, seus piripaques, seus "stresses", afinal, é humano como você (não... não vou falar dos defeitos femininos, esses a gente já conhece bem....). Você viu que o príncipe não era encantado, mas tudo bem, quem é que vai querer alguém todo certinho? Deve dar um sono...

Então, mulher...Esquece os probleminhas e chega nele. Acorda o homem. Faz um carinho, uma massagem, acaba de tirar a gandola dele. Pega um vinho, olha nos olhos do bonitão, dá um gole, um beijo. Não precisa jantar especial, presente caro, escova no cabelo. Precisa é de desejo no olhar, o olhar que guarda a cumplicidade de tudo o que vocês dois viveram. São detalhes que revelam o sentimento. São eles que mostram que tudo até agora valeu a pena. Dê mais um gole no vinho, mais um beijo. Ô diliça!

Por Viviane Amaral